Pierre Verger.
Pierre Verger nasceu em Paris, no dia quatro de Novembro de 1902. Desfrutando de boa situação financeira, ele levou uma vida convencional para as pessoas de sua classe social até a idade de 30 anos, ainda que discordasse dos valores que vigoravam nesse ambiente. O ano de 1932 foi decisivo em sua vida: aprendeu um ofício - a fotografia - e descobriu uma paixão - as viagens.
Nômade, Verger nunca deixou de ser, mesmo tendo encontrado um rumo. A história, costumes e, principalmente, a religião praticada pelos povos iorubás e seus descendentes, na África Ocidental e na Bahia, passaram a ser os temas centrais de suas pesquisas e sua obra.
Em 1960, comprou a casa da Vila América. No final dos anos 70, ele parou de fotografar e fez suas últimas viagens de pesquisa à África.
Em seus últimos anos de vida, a grande preocupação de Verger passou a ser disponibilizar as suas pesquisas a um número maior de pessoas e garantir a sobrevivência do seu acervo. Na década de 80, a Editora Corrupio cuidou das primeiras publicações no Brasil. Em 1988, Verger criou a Fundação Pierre Verger (FPV), da qual era doador, mantenedor e presidente, assumindo assim a transformação da sua própria casa num centro de pesquisa. Em fevereiro de 1996, Verger faleceu, deixando à Fundação Pierre Verger a missão de difundir seu trabalho.
Fundação Pierre Verger.
Através das fotografias de Verger, encontram-se elementos que sustentam e reforçam a discussão das diversas"africas" que vivem dentro do imenso continente Africano.
"Africanalisando"
Enxerguei num olhar do outro
na captura de um momento
um cisco de consciência
respostas e argumentos
bastardos colonizados
abastados colonos
escravizador
escravizado
Um continente
e parte dele
e parte das partes
um todo
um fragmento
razões para os debates
de um fardo momentâneo
da curva feita no Atlântico
do esplendor do mediterrâneo
da libéria à Tunísia
da Etiópia à Namíbia
o velho Congo e o Gabão
o nobre Egito e o grande Sudão
Pobres ou ricos?
Omissos ou coniventes?
Pobres miseráveis?
pobre Continente?
olhando atentamente
procurando uma análise
enxergo só a certeza
de não encontrar verdades
Escravos
senhores
Suas jóias
Seus penhores
Matrilinear
Marginal e Servil
Afriga,Àfrica
Pharika,Apriké
nem ao menos o seu nome
sabem ao certo de onde é
Conhecemos muitas africas
desde o norte até o sul
a África dos Berberes
a África do U2
e toda essa discussão
onde poderá chegar
existem muitas versões
esquecer ou condenar?
rotas, cotas
os debates não têm fim
conflitos intermináveis
uns quase não,outros, talvez sim
mas que importa a história
econômia e política
religiões e as críticas
de um povo quase sem glória?
despir-se de arrogante
dispor da inteligência
desfazer a intolerância
desvendar a ignorância
faz parte de um tabuleiro
de um jogo mal jogado
de regras escandalosas
de dinheiro bem lavado
e é através dessa lente
do olhar de outra gente
que encontram-se as vertentes
de um outro continente
Só a música liberta!!!!!
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