5 de jan. de 2009

receita para se fazer um poeta...

Impossível querer fabricar um poeta,ou fazer de um simples mortal, uma alma sútil, capaz de captar o longo fio de sentimentos que une a alma, ao verso.
Diante desta constatação, rendo-me às verdadeiras obras de arte, que leio, e me sinto na obrigação de compartilhar, pois no mundo em que vivemos, acelerado na velocidade das coisas efêmeras e convenientes, a delicadeza de certos momentos passa despercebida pelos corredores da pressa e da indiferença.
Do poeta do simbolismo, Cruz e Sousa, e toda musicalidade de sua poesia.


ARTE

Como eu vibro este verso, esgrimo e torço,
Tu, Artista sereno, esgrime e torce;
Emprega apenas um pequeno esforço
Mas sem que a Estrofe a pura idéia force.

Para que surja claramente o verso,
Livre organismo que palpita e vibra,
É mister um sistema altivo e terso
De nervos, sangue e músculos, e fibra.

Que o verso parta e gire -- como a flecha
Que d'alto do ar, aves, além, derruba;
E como os leões, ruja feroz na brecha
Da Estrofe, alvoroçando a cauda e a juba.

Para que tenhas toda a envergadura
De asa e o teu verso, de ampla cimitarra
Turca, apresente a lâmina segura,
Poeta, é mister, como os leões, ter garra.

Essa bravura atlética e leonina
Só podem ter artistas deslumbrado:
Que souberam sorver pela retina
A luz eterna dos glorificados.

Busca palavras límpidas e castas,
Novas e raras, de clarões radiosos,
Dentre as ondas mais pródigas, mais vastas
Dos sentimentos mais maravilhosos.

Busca também palavras velhas, busca,
Limpa-as, dá-lhes o brilho necessário
E então verás que cada qual corusca
Com dobrado fulgor extraordinário.nódoa

Que as frases velhas são como as espadas
Cheias de nódoa, de ferrugem, velhas
Mas que assim mesmo estando enferrujadas
Tu, grande Artista, as brunes e as espelhas.

Faz dos teus pensamentos argonautas
Rasgando as largas amplidões marinhas,
Soprando, à lua, peregrinas flautas,
Louros pagãos sob o dossel das vinhas.

Assim, pois, saberás tudo o que sabe
Quem anda por alturas mais serenas
E aprenderás então como é que cabe
A Natureza numa estrofe apenas.

Assim terás o culto pela Forma,
Culto que prende os belos gregos da Arte
E levará no teu ginete, a norma
Dessa transformação, por toda a parse.

Enche de estranhas vibrações sonoras
A tua Estrofe, majestosamente...
Põe nela todo o incêndio das auroras
Para torná-la emocional e ardente.

Derrama luz e cânticos e poemas
No verso e torna-o musical e doce
Como se o coração, nessas supremas
Estrofes, puro e diluído fosse.

Que as águias nobres do teu verve esvoacem
Alto, no Azul, por entre os sóis e as galas,
Cantem sonoras e cantando passem
Dos Anjos brancos através das alas...

E canta o amor, o sol, o mar e as rosas,
E da mulher a graça diamantina
E das altas colheitas luminosas
A lua, Juno branca e peregrine.

Vibra toda essa luz que do ar transborda
Toda essa luz nos versos vai vibrando
E na harpa do teu Sonho, corda a corda,
Deixa que as Ilusões passem cantando.

Na alma do artista, alma que trina e arrulha
Que adora e anseia, que deseja e que ama
Gera-se muita vez uma fagulha
Que se transforma numa grande chama.

Faz estrofes assim! E após na chama
Do amor, de fecundá-las e acendê-las,
Derrama em cima lágrimas, derrama,
Como as eflorescências das Estrelas...



È primoroso...é como uma canção!!!



O simbolismo, marca a recuperação da musicalidade da expressão poética, teve seu marco inicial no Brasil, a partir de 1893 com a publicação de dois livros de Cruz e Sousa:Missal (poemas e prosas) e Broquéis(poesias).


http://br.youtube.com/watch?v=aLZf6Ap0ooI

Sociedade secreta....

Uma valiosa contribuição que recebi de uma pessoa queridíssima, sensível,inteligente e indispensável quando a questão é amizade.
E como o grande lema desse blog é a amizade, compartilho com todas as pessoas iluminadas que aqui passam,a maestria do feeling do meu grande Er Manero, Elves Aaron Ayres Machado, conhecido pelo grande título de Big Fano!!!



http://br.youtube.com/watch?v=pIjnEdVx_0k



Só a música liberta!!!!!!

Sociedade Secreta.

4 de jan. de 2009

Poesia que fala sobre todos nós...

A poesia, na minha modesta opinião, é um breve intervalo entre o insano e o racional,capaz de traduzir ao pé da letra, todos os turbilhões de sentimentos que abrigamos dentro de nós.
Quem tem o dom de interpretá-las, reside em um mundo onde, o real e o imaginário andam de mãos dadas, proporcionando sensações e percepções alheios aos olhos dos outros.
Ter o prazer de escrevê-las, é uma terapia, que expurga de dentro de nós, os demônios e abre caminho para os deuses.
È exatamente sobre isso, que o Parnasiano Olavo Bilac escreveu em sua obra prima chamada "Dualismo".


Dualismo

"Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, entre maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal padeces;
E rolando mum vórtice insano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas com as virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora."


PS:A inspiração que deu início ao Parnasianismo veio da França, onde, em 1866 publicaram uma antologia com o nome "O PARNASO COMTEMPORÂNEO".
PARNASO, é o nome de um monte na Grécia consagrado a Apolo (deus da luz e das artes) e às musas ( entidades mitológicas ligadas às artes).
No Brasil, o parnasianismo surgiu por volta de 1878, ano em que foi publicado no Rio de Janeiro uma polêmica em versos que ficou conhecida como "Batalha do Parnaso" onde a poesia romântica, que dominava a época, foi atacada.


Senhora do Lago também é cultura.

http://br.youtube.com/watch?v=NTUfFUl8OdI